quarta-feira, 2 de maio de 2007

O Livro Musical - O Vírus ( em desenvolvimento)

“O VÍRUS”
(Livro Musical que acompanha o CD “O Vírus” – Mat. Extra)
A descoberta de um vírus raro e contagioso coloca em estado de perigo a comunidade de Barão Geraldo, distrito de Campinas, São Paulo. Seus efeitos ainda são pouco conhecidos. O que se sabe é que ele provoca bizarras alterações de comportamento em quem é infectado, seja ele humano ou animal. A primeira parte do corpo afetada é a língua, que se torna solta e abusada. Depois o vírus se alastra por todo o corpo, causando espasmos e riso incontrolável, além de atitudes e movimentos no mínimo estranhos.
O S.U.S.S.A. (Sistema Único e Secreto de Saúde da Administração) contratou um grupo de cientistas especializados para investigar o novo vírus e encontrar uma forma de contê-lo antes que se espalhe pelo país afora.
A equipe do Globo Repórter acompanhará o trabalho dos cientistas na busca de uma solução ao que parece ser uma das mais perigosas pestes já enfrentadas pelo homem. Seu nome científico é Tangus Lustus, mas a população local já a chama de a LUXÚRIA DA LÍNGUA.
Hoje à tarde...


UNIVERSO LUXÚRIA

A Luxúria do verso na língua do povo.
A língua do verso, a luxúria do novo.
A luxúria da língua, que une verso, novo, povo.
Quando versos se unem,
Universo.
Universo de som, som que não míngua.
Luxúria do som, luxúria da língua.
Luxúria, o verdor nas plantas,
o vigor da língua.
A incontinência animal
Num verso imoral.
a sensualidade
a libertinagem
o salto da língua
Viva.
Diante de tanto falar,
prestem atenção pra escutar,
a Luxúria da Língua.



O primeiro caso de incidência do vírus em animais foi detectado em uma Matilha de vira-latas, dentro de um matagal ao lado da residência do Sr. Gunther. Os cães pareciam enlouquecidos. Andavam lado a lado em marcha e latiam para o céu, profetizando sobre uma certa Onda Sonora que viria de outro planeta para conquistar a Terra.

Matilha

PERDIDOS
NO MEIO EM UM MATAGAL
DENSO
FECHADO...
E DE REPENTE...
LOBOS...
UMA MATILHA DE LOBOS BRANCOS
VINDOS DE OUTRO PLANETA.
PROFETIZANDO SOBRE UMA ONDA SONORA
QUE DOMINARÁ A TODOS!

Matilha é um novo planeta
Disseram que encontraram água por lá
Será um novo cometa
Ainda não tive chance, de desvendar
Ser irracional
É o ser humano, que mata a própria espécie
Nenhum outro animal... Se esquece
Habitat natural
A Terra perdeu esse fardo
Consciência artificial
Somos todos retardados

Mas a Matilha
Deve fazer
Com que nenhum de nós
Possa esquecer
Deve trazer a crise
E não só satisfazer
Deve impulsionar
O contra-poder

Matilha é o espelho de Guimarães
O olho cego de Camões
A pena de Machado
O Charuto de Azevedo
Matilha é um novo planeta
Disseram o Movimento
Vem de lá
Será um novo cometa
Que vai passar
Matilha é um novo planeta
Revolução musical
Evolução natural
Aqui é tudo de bom
Novas espécies de som

Mas a Matilha
Deve fazer
Com que nenhum de nós
Possa esquecer
Deve trazer a crise
E não só satisfazer
Deve impulsionar
O contra-poder



Outro caso internacional que alarmou a todos foi o de uma jovem que passou a viajar e a disseminar o vírus pelos quatro cantos do Mundo. Descobriram com ela que a Luxúria da Língua provocava um surto de coragem que, para a maioria, parecia mais é loucura.

Alemanzita brasileña

Ela viaja,
Ela vai, ela vem
Ela deixa marca
Su nombre es Verena
Ella es mi Alemanzita brasileña

Deutschland, Scotland, Viena
Ela faz a noite, ela rouba a cena
Mesmo assim, não fica contente
Se não viaja de corpo,
Ela viaja de mente

E às vezes me pergunto
Onde no Mundo ela deve estar
Talvez no fim da minha rua
Ou em algum lugar da América Latina

Agora vai subindo a Sierra at Tahoe
Transforma em neve o que era aqui barro
Descendo as verdes, as rojas e pretas
Curtindo cá negada a balada loca a noite inteira

Boarding and dancing
Ela tenta e vence
Cativa ativa quem vê pela frente
Só não assuste se
Se apaixonar de repente
E quando você cai em si
Ela pode já nem tá por aí
Pode estar rasgando o azul do céu
Ou solta no mar, como um barquinho de papel

Hey, Verena
Cê viaja, eu faço poema
No Japão, Ipanema
Es mi Alemanzita
brasileña
Ainda Alemanzita
brasileña
No Iraque, na Bahia
brasileña
Na Malásia, na Turquia
brasileña
Nova Iorque, Machupichu brasileña
Lá na neve ou no seu sítio brasileña
Nos dois pólos ou no Índico brasileña
No Atlântico ou Pacífico brasileña

Ainda Alemanzita brasileña brasileña
Es mi Alemanzita brasileña brasileña
Es mi Alemanzita brasileña brasileña


Outro animal analisado pelos cientistas foi um Bentevi que começou a perturbar as pessoas todos os dias, às seis horas da manhã, com um canto insuportável. Ele se dizia chamar Pavarotiví e que cansara da vida de pássaro. Queria ir para a Itália e tentar a vida como cantor de ópera. Sorte de todos que ficou só querendo. Para conter o vírus, os cientistas tiveram que sacrificá-lo, mas de alguma forma, seu canto ainda perturba o sono de muitos.

Eu quis cantar

Olhei, olhei, mas não vi
O relógio quebrou
O tempo parou e não vi
Quisera eu ser aquele bem-te-vi
Para te cantarolar de manhã
Entrar no teu sonho
Te ver espreguiçar...
Quem sonha hoje sou eu
Acordada e triste emudeço
Nada de Bem
Nada de Ti
Nada de Vi
Eu Quis Cantar

Olhei, olhei, mas não vi
O relógio quebrou
O tempo parou e não vi
Quem dera eu ser aquele bem-te-vi
Pra te cantarolar de manhã
Entrar no teu sonho
Te ver espreguiçar...
Agora quem sonha sou eu
Acordada e triste emudeço
Nada de Bem
Nada de Ti
Nada de Vi
Quem dera eu ser aquele bem-te-vi
Pra te cantarolar de manhã
Entrar no teu sonho
Te ver espreguiçar...
Agora quem sonha sou eu
Acordada e triste emudeço

Eu quis cantar...





A Ciência e o Querer

Dia noite, vai e vem
Toda aquela chatice
A mesmice convém

Seguindo a maré, sem saber se dá pé
Vagando sem rumo
Vaga-lume no escuro

De repente um anjo me parou
Me acendeu e me falou
Seu caminho está certo
É o mesmo que o meu

Quero te ter sempre perto
Só que não sei ao certo
Se há tensão em Ciência e o Querer
É essência em ciência o Poder

Será que devo ser mais egoísta
Materialista, individual
Tenho que doar mistério, não só verdade
Chega de certeza
Tenho também que fazer saudade

Rola uma fascinação
Sintonia, sedução
Só tenho que ser espeto
Não andar na contramão

Ahh...Por que não?
Como são bons esses tempos de “não sei não”
Eu entro na frente, passo por cima, espero tudo!
Eu vou decolar nesse avião
Eu vou decolar nesse avião



Os cientistas resolveram embarcar numa viagem para Santa Catarina e estudar um grupo de amigos que lá passavam o ano novo. Neles os sintomas eram gritantes. A Luxúria da Língua provocava insônia aguda.

Caindo pro sul

Chegando lá na casa, muita gente entra e sai
Só pra deitar um kitnet um murrinet até que vai
29, 30, 31 e sol nenhum
À noite todo branco, pai de santo, dropo um

Na virada a negada, inteira toda adoidada
Uma rolava na areia, outra dançava na bancada
A amizade fluía, a consciência travava
Numa noite dessa até gaúcho vira espada

O relógio zerô, a ampulheta virou
Podinventá um novo fim ou começar onde parou
No dia primeiro, deus Apollo acordou
Yemanjá sorriu, um presentinho me deixou

Eu vou ficar acordado a noite inteira,
porque a vida é muito curta pra passar na bobeira

Logo a 30 kilômetros ao norte do Sul
Paraíso perdido, Guarda do Embaú
Terra de anões e gigantes, pedras preciosas,

E as mulheres, meu Deus, só lindas e simpáticas

Um programa à tarde, uma balada na night
Subindo, descendo, ralando, rolando fight
Numa dessas meu sinhô, Marcelinha parô e falô:

“Gente, gente! Junta todo mundo! Vamu tirar uma foto!”

A ponte quebrou, galera caiu
Atrás de cachoeira, terminamos só no rio
Um rosto amassado, pé esquerdo luxado
Só um belo dum risoto prá deixar tudo acertado


Eu vou ficar acordado a noite inteira,
porque a vida é muito curta pra passar na bobeira



Depois de fracassar na contenção, os cientistas mudaram a estratégia. Retornariam à fonte do vírus, na busca da cura. Foi então que, de volta à fazenda Rio das Pedras, pesquisaram o comportamento de uma Raposa suspeita de infecção. Descobrir a causa do vírus era mais difícil do que saber quem vinha primeiro, o ovo ou a galinha.

A pose da raposa

VOCE JÁ REPAROU NO COMPORTAMENTO DE UMA RAPOSA?????????/

AO MESMO TEMPO QUE TE SEDUZ, TE ENGANA....

AO MESMO TEMPO QUE INDUZ, TE ESGANA.....

E ESSA RAPOSA PODE ESTAR EM QUALQUER LUGAR.....

NA SUA FAMILIA, NO SEU VIZINHO, NA SUA NAMORADA E ATÉ MESMO

NO SEU PROPRIO ESPELHO!!!


Eu vou te contar, a estória de uma raposa

Que nunca teve que roubar, os ovos do galinheiro

Só lançava a sua pose

De meia dúzia logo vinham doze

Só lançava a sua pose

De meia dúzia logo vinham doze


Desde cedo aprendeu, que o ovo vinha da galinha

Passava, cacarejava, botava, é só chamar que logo vinha

Só lançava a sua pose

De meia dúzia logo vinham doze

Só lançava a sua pose

De meia dúzia logo vinham doze


Entre mochas e bocas

Querendo sinto sua na minha

Me dando beijos de menina

Devassa, contida, pequena, morena, mulher



Raposa, chega de pose, é mais gostoso roubar um do que esperar doze



Foi descoberto no sótão da casa dos cientistas outro caso de infecção em animais. Uma gata branca se alojava há dias no local, fazendo barulhos estranhos e provocando os três pesquisadores, que tentavam pegá-la para estudo mas sem nunca conseguir.

Um simples olhar

Idéia:

Nosso coração é como um sótão. Às vezes encontramos nele coisas que, a princípio, não entendemos. Logo ficamos fascinados e fazemos de tudo para conhecer e entender essas coisas. Porém, quando tomamos coragem para agir e realmente abrir nossos corações, aquilo que nos fascinou às vezes não está mais lá. Por isso seguimos a vida nas linhas do coro do refrão.
A história que a canção narra realmente aconteceu. Depois, se transformou numa metáfora, para então simbolizar essa idéia.
Estava à tarde, sentado estudando
De repente ouvi alguém chorar
Parecia um bebê, uma criança
Um recém nascido louco por ar

Achei que vinha lá do vizinho
Ou de algum lugar do meu quarteirão
De repente senti bem mais perto
Vinha lá de dentro do meu tão sótão

A princípio fiquei com medo
De abrir o meu tão só sótão
E ver o que é que tinha lá dentro
Era uma gata branca olhando pra mim

Eu, vou dançar
Sem parar
Vou tocar
Sem pedir, vou só inspirar
Vou criar
Sem me preocupar
Vou curar
Vou ver o Mundo

Só num simples olhar

Desci a escada correndo
Um jeitinho eu tinha que arrumar
De trazer aquela gata pra mim
Sem pedir ia só inspirar

Esquentei um pequeno pratinho
De strogonoff no microondas
Preparei uma tigela de leite
Só faltou o brigadeiro e as bombas

Quando subi pra encontrá-la
A gata não estava mais lá
Então fechei todas as saídas
Pra ela nunca mais voltar

Eu, vou dançar
Sem parar
Vou tocar
Sem pedir, vou só inspirar
Vou criar
Sem me preocupar
Vou curar
Vou ver o Mundo
Só num simples olhar



Um fato novo surgiu durante as pesquisas. A Luxúria da Língua não afetava somente humanos e animais. O vírus começou a ser detectado em computadores, que vinham a liberar códigos de acesso, informações secretas de empresas e músicas, causando uma revolução no mercado. Nada mais era seguro. Nem mesmo desligar o computador.

Controle remoto


Idéia:
A música fala por si mesma. Uma crítica ácida mas humorística a toda cultura que tem se desenvolvido em redor do mais poderoso meio de comunicação já criado pelo homem. Ou deveríamos dizer, meio unilateral de informação?


Domingo, nada pra fazer
Acabo não sei porque
Ligando a TV

Pra ver o que
Na globo Schumacher de novo ganhar
Rubinho quebrar ou bater

No resto, só missa
Holerite cobiça
Pior que café da manhã
Só de ovo, canjica e lingüiça

Pelo IBOPE,
Logo começa a competição
Entre Leão Lobo, Ana Maria Braga,
O Gugu e o Faustão

Na Cultura, a última esperança
Só que saber de sexo de pingüim
Da Antártida me cansa


Eu não vou parar, não
De passar o Domingo inteiro
Sem ver televisão

Então por que
Ao invés de olhar pra TV
Olhe pra você
E me diz o que c vê

Do seu lado, sua filha
querendo brincar, seu filho jogar
Cachorro chorando pra entrar
A mulher pra passear

O Verbo, a Língua e o Som
Todos podem e devem fazer
Só depende de você

Então no fim
Não vem me dizer
Quem é que te faz
Quem é que te diz
O que é ser brasileiro


Eu não vou parar, não Contole Remoto
De passar o Domingo inteiro Controla você
Sem ver televisão


TV controla você?
Ou você que controla TV?



De volta aos laboratórios, após a grande pesquisa, os três cientistas concluíram que estavam lutando contra algo incontrolável. A Luxúria da Língua era uma realidade e cada um teria que se virar com ela. O pior de tudo é que eles perceberam que também tinham sido infectados pelo vírus e, num momento de extremo desatino, decidiram largar seus tubos de ensaio e montar uma banda. Viajariam, então, pelo Mundo mostrando com música como lidar com o vírus. Só precisariam agora de um bom nome...

ANÕES

DECIDIMOS SENTAR HOJE AO SOL....
DESCONGELAR NOSSOS PES
NOS TRANSFORMAR NUM TRADUTOR
DA PANJEIA
NA LINGUA DO SOM E DO SUOR
ESPERAR NÃO É VIVER EM VAO
HÁ PEQUENAS VIBRAÇOES
ESPERANDO PARA SERAM CAPTADAS
E TRANSFORMADAS EM PEQUENOS ANOEZINHOS
QUE ENTRAM NOS SEUS OUVIDOS
E BATUCAM NOS SEUS OSSINHOS

ELES CANTAM ASSIM......


Era um grupo de anões
Produtores musicais da terra
Tinham a missão de encontrar
Os tradutores dela

Saem no inverno
Quando todos procuram o Sol
E prestam mais atenção
Na energia natural
Cantando!

Em volta da Unicamp
Eles vêem grevistas gritando
Mas em volta de um gramado
Encontram seis amigos tocando

O sol, o sangue e o suor
Envolvem todos os seis
È quando nos seus ouvidos
Os anões entram de uma vez
Cantando!

Batucantam pulam dentro
E a melodia esquentam
Em sorrisos perceber
A profecia acontecer

A Música Natural
Envolvem os seis
É quando eles sentem
Pela primeira vez

Que o Sol compõe
Através de nós
No Ano novo Maia
Numa língua sem palavras

Cantando!

Nenhum comentário: